
Diz-se que à terceira é de vez.
«Não há duas sem três».
A despenalização da morte medicamente assistida foi votada pela 3ª vez pelo Parlamento.
Messi foi eleito recentemente, pela 3ª vez o melhor desportista do ano no seu país, bem como a seleção arrecadou o prémio maior do Mundial de Futebol, por três vezes.
Terceiro é o último lugar do pódio. O nº3 associado ao cristianismo, representa um Deus em três pessoas. Três fogueiras ou assobios, um código, o da aflição no deserto. Três letras SOS para pedir socorro, 3 nºs ao telefone. Pessoas extrovertidas, comunicativas ligadas ao número três.
Mãe e pai, três letras. Lembramos os mosqueteiros de Dumas.

Terceira Cultura, TCK, o termo inglês terminologia criada por Ruth Hill, socióloga norte-americana nos anos 50 não se trata do ajuste de duas culturas para formar uma terceira. A primeira tem a ver com cidadania, um passaporte. A segunda é a geográfica, um lugar físico onde se vive independente da cidadania, que acarreta experiências culturais.
A Terceira Cultura é relacional, um experimento partilhado da infância onde a primeira e segunda culturas não se sobrepõem inteiramente.
A globalização, a guerra, a fome, a busca por segurança leva a que famílias se desloquem para outros países, levando os filhos atrás. Casamentos podem ser uma causa e também famílias missionárias. Fluxos migratórios, barreiras, deportações. Mortes. Serão vidas de terceira? Sem direitos, buscando apenas a sobrevivência.
As crianças de terceira cultura vivem dilemas que só elas percebem? Residem num país que não é o país de origem dos pais ou têm pais de nacionalidades diferentes. Não pertencem a lugar nenhum! São cidadãos do mundo!
Um estudo realizado em 2011 pela revista online Denizen, diz-nos que antes dos nove anos elas vivem em quatro países. Caso para afirmar «Um é pouco, dois é bom, três é demais…» O dizer adeus, emoções, lágrimas. Ansiedade. Stress. Luto migratório.
O filme «As nadadoras» retrata a dificuldade de se entrosar noutra cultura e ao mesmo tempo as saudades de casa. Forçadas a deixar os amigos e a ter de criar novas amizades. Quando entram numa nova escola, muitas vezes fecham-se pois não conhecem ninguém.
A diversidade cultural é apanágio destas crianças. Lidar com várias nacionalidades pode ser complicado, porém cede-lhes enorme bagagem. Expostas a novas línguas, que no seu futuro as beneficiará. Aprendem a lidar com a mudança, crescem à pressa. O viajar, as dificuldades torna-as crianças de mente aberta com maior conhecimento do mundo. Onde pertencem, afinal? Certamente ao lugar do coração…
E com um novo ano em frente, ficamo-nos pelo clássico «Os três porquinhos» e o valor da perseverança e do trabalho para que enfim, continuemos a jornada. As dificuldades aguardam-nos, mas precisamos de todos.
Decerto, não existem cidadãos de primeira, nem de segunda, muito menos de terceira categoria. Existem indivíduos, todos merecem dignidade e oportunidades, respeito.
Como povo, carecemos da união e equilibro, que o nº3 nos sugere.
Juntos seremos sempre mais fortes, «um coração de três dobras não se quebra tão depressa», «três irmãos, três fortalezas» e «três mulheres e um pato» podem sempre fazer «uma feira».
Caminhamos afinal para 2023.

No ar, o fantasma da terceira guerra mundial?
1 opinião sobre “«Três, a conta que Deus fez»”
Simplesmente maravilhoso e tão actual.
Muito obrigado.
Danilo Gujral