The Stars

39261681 1836452016467629 2029058179739942912 n

Cris era uma criança destemida. Gostava de chocolate, de brincar às escondidas com os amigos do bairro e de animais. Gostava de observar as estrelas.

Numa certa noite, a chuva de meteoros anunciada despertou a sua atenção.

Sozinho, deitado na varanda esperou o início do festival. Era a primeira vez que iria poder ver as ‘estrelas cadentes’. Estava empolgado. Ele acreditava que se pedisse um desejo ele podia realizar-se.
Quando uma luz cadente se plasmou no céu ele aplaudiu vigorosamente. Estava radiante.

Refletiu… não queria que fosse um desejo egoísta. Pensou nas crianças que choram esfomeadas ou por doença e que chorando fazem seu modo de vida, não por sua vontade.

Mal ergueu a cabeça três luzinhas no céu desceram rápido, tal como ele quando anda de escorrega. Desta vez os pedidos iam para a sua família. Que o pai amasse tanto a sua mãe que nunca mais a fizesse chorar. Que a mãe tivesse mais tempo para estar com os dois filhos, nem que fosse só um pouquinho de colo no sofá… Que o mano pudesse saber escrever fazendo a letra mais bonita.

Cris arrumava as suas ideias numa gaveta com várias divisões. Não deitava nenhumas para o lixo. Sabia que um dia podia ir lá rebuscar e depositar ideias que tinham a ver com as que já estavam guardadas e por isso colocava-as nas mesmas secções. Assim também podia encontrar espaço para mais algumas.

O João-pestana teimava em deitar-se na manta da varanda. Cris hesitou…de repente o céu ilumina-se. Uma chuva celestial que mais parecia fogo-de-artifício. Esta não era uma chuva qualquer, ela vinha do céu.

Ele sabia que Deus mora no céu e por isso dedicou-lhe tal cenário, dizendo: «É para você Deus, para que se sinta feliz, afinal você é o autor de tudo isto e um autor tem orgulho do que faz…». Ia manifestar os seus múltiplos desejos quando escuta a mãe a chama-lo para ir para dentro. Ficou triste mas decidiu obedecer.

Quando chegou à sala o irmão saltava feito louco em cima de uma almofada: «Mano, mano, olha, olha, já consegui escrever o meu nome!»


Foto: internet

Assinatura-Andrea-Ramos

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações com indicação da fonte, sem prévia autorização da Autora.

Partilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

natal cor de rosa andrea ramos

O Natal é cor de rosa

Naquele dia, ela tinha vontade de dar. Não sabia como fazer, como começar. Recortou um pai Natal bondoso de uma revista. Ela sabia que ele deixava as crianças cheias de gozo e contentamento. Mas, lá

Leia mais »
o melhor presente

O melhor presente

A sala iluminada, a árvore enfeitada no canto, os presentes no chão, a lareira acesa. A família reunida à mesa. Os avós, os pais, os filhos de olhos arregalados para ver por onde começar, se

Leia mais »
personagem

Personagem

Secretamente, tinha decidido honrar o seu compromisso.Ela enxugou-lhe o corpo trémulo, delicadamente vestiu-lhe a roupa e abraçou-o, derretendo-o com o seu amor. Os seus longos cabelos massajaram-lhe o pescoço. Sem que desse por isso, a

Leia mais »
Scroll to Top