Livro de memórias

16266097 1207849339327903 6557642500635610728 n

Lembras-te de nós no baloiço?
Eu segredava-te ao ouvido que gostava de ti e tu, muito envergonhado, fingias não perceber.
Eram tardes saborosas num frenesim de brincadeiras.


Não foram momentos apenas, foram folhas do meu livro de vida. E cada vez que as folheio sorrio de saudades de ver as tuas bochechas rosadas do sol.

Mais um dia e outro e não entendo como nos distanciámos. A amizade sincera ficou tapada no pote da lembrança. Faço uma força enorme sempre que tento destapa-lo.

A tua voz e gargalhadas estão gravadas.
Partiste para longe e não mais te pude encontrar. Foi o caminho que traçámos sem querer traçar.
Espero-te até a este instante da minha vida.


Por mais garrafas que tenha lançado ao mar com bilhetinhos, acho que foram muito poucas, senão terias visto uma na tua direção. Julgas que desisti? Não!…

O baloiço sobreviveu ao desgaste. Podemos recuperá-lo juntos, gostavas?

Por isso, o meu livro tem páginas vazias para escrever contigo.

Sabes onde estou agora? Sim, isso mesmo, estou a balançar ao som do canto dos pássaros. Fecho os olhos e recosto-me para trás, fingindo que o tempo não passou…

2017. (escrita criativa a partir de uma imagem). Foto: internet

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações com indicação da fonte, sem prévia autorização da Autora.

Partilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

desnorteado

Desnorteado

Era a tarde de mais um dia. Escurecia…Jonathan já cansado e desgastado da vida, fiel à sua persistência, ali estava, senão a dormitar sob a relva esperança do horto colossal. Jardim esse, que perdera todas

Leia mais »
preconceito

Preconceito

Fui à biblioteca estudar. Deparei-me com duas raparigas a sussurrar como em dia de serão. As mãos irrequietas, o olhar sem piedade denunciava o preconceito. Eu nem queria acreditar! Elas estavam a falar do José,

Leia mais »
nascente

Nascente

Ele vivera nas ruas até então. A esperança desvanecia-se a cada luar. Todos os dias a comida saciava-lhe o estômago, mas não a alma. Certo dia, recebeu um convite. Tinha receio de aceitar. Aconteceria no

Leia mais »
Scroll to Top