A sala iluminada, a árvore enfeitada no canto, os presentes no chão, a lareira acesa.
A família reunida à mesa.
Os avós, os pais, os filhos de olhos arregalados para ver por onde começar, se pelo peru, pelo bacalhau, pelos salgadinhos… ou se partir em direção a outro canto, onde estava a mesa com as filhós, as nozes, as fatias douradas, sumos, os vinhos.
Os progenitores estavam orgulhosos da sua conquista: uma família grande e unida.
Conversavam sobre as peripécias ocorridas noutros encontros. Os mais velhos estavam surpresos pelo ritmo de crescimento dos mais novos.
Os outros falavam dos empregos, do clima, de vários familiares, vindo os temas à cabeça à medida que enchiam boca de comida. Estavam todos deveras felizes porque era precisamente na época Natalícia que tinham a oportunidade de se reencontrar.
Depois de jantar, o Pedrinho, o neto mais novo, veio enrolar-se no pescoço da avó e disse:
– Avó tinha tantas saudades tuas!
– Meu neto querido, a avó também tinha muitas saudades tuas! Anda cá e senta-te ao meu colo. Quase já nem aguento contigo!
Entretanto a Ema, irmã do Pedro, já com ciúmes veio também tentar arranjar espaço no colo da avó. O pai das crianças reagiu dizendo para saírem porque já estavam muito pesados e podiam magoar a avó, devido à sua prótese.
De repente o neto Mário, o mais reguila, gritou:
– Meia-noite vamos às prendas!
– Boa! (Disse o João, irmão do Mário).
O avô Manuel, com a sua voz trémula disse:
– Esperem um pouco!
Os netos quase em coro:
– Ó avô, please!
Ele, gesticulando, pediu que todos se aproximassem pois queria deixar-lhes uma mensagem. Fez-se silêncio.
– Meus queridos, talvez seja dos últimos anos que posso estar convosco. É muito bom poder ver a família a crescer, haver esta comunhão entre nós e estarmos bem de saúde. É bom podermos ter tanta comida na mesa quando tantos à nossa volta nada têm.
A sua filha Teresa interrompe-o:
– Pai, está agora com esse discurso, vamos é aproveitar a abrir as prendas por que os miúdos depois ficam rabugentos com sono.
– Não ficamos nada! (Diz a Ema).
– Pai, tem razão! (Disse o filho do meio). Tantos ao frio ou sem comida e nós com este ambiente… É Mesmo uma dádiva!
– Continuando, eu sei que a vida exige que andemos à pressa mas quando chegamos a esta idade levamos tudo com mais calma e damos valor a outras coisas. Por isso, deixem-me dizer o que me vai na alma.
– Ó homem, (diz a esposa) tu que és de poucas palavras até estou a gostar de te ouvir… continua, continua…
– Sabem porque é que estamos aqui hoje? Tudo tem um começo e há cerca de dois mil anos aconteceu algo especial. A vida de um ser humano iria marcar a história do mundo para sempre. Um ser humano que também é Deus. Ele é o responsável por estarmos aqui hoje. (as palavras custavam a sair pois estava a ficar emocionado).
– Ó avô, como é que Jesus, sim porque eu sei de quem estás a falar…
– Pedrinho, nada do que passámos hoje aqui podia acontecer se Ele não tivesse nascido. Ele, além de nos proporcionar momentos maravilhosos, tem sido ao longo dos anos o meu Amigo, o meu ajudador. (dirigindo agora o olhar para os adultos) Eu queria que vocês pensassem que Ele também está aqui. Já nos trouxe a paz e o amor. Por isso eu gostava que todos vocês pudessem reconhecer isso.
– Sr. Manuel (disse o genro Carlos), obrigado por nos recordar o que por vezes esquecemos. Sim, claro, devemos estar gratos! Ele é quem morreu também por nós, dando a sua vida para obtermos a salvação. E por isso eu proponho que todos os anos antes de abrirmos as prendas possamos lembrar que Jesus é o nosso maior e melhor presente.
Abraçaram-se uns aos outros em concordância, enquanto os miúdos corriam em direção às prendas.
Foto: internet
2 opiniões sobre “O melhor presente”
Momento natalício tocante! A descrição da família reunida e do discurso do avô Manuel, ressaltando a importância de Jesus no Natal, cria uma ambiente caloroso e inspirador. Uma história encantadora sobre amor e união familiar.
Muito obrigada, José. Sem dúvida que o Natal deverá estar presente em cada momento. Jesus, o Presente que se fez presente.