Se és adolescente não leias este texto!

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Cottonbro studio

Ao trabalhar com adolescentes em contexto escolar, denota-se o seu estado d’alma. Segundo a Marktest, «Portugal Continental tem 1 milhão 192 mil e 269 de adolescentes residentes (10-19 anos) – Censos 2001». Chegam derreados à sessão a que denomino «Tu tens valor!». Ombros caídos, vontade pegajosa de telemóvel, não fosse o professor acompanhante da turma ainda autoridade.

Levo-os a passear de mão dada com o seu íntimo. A atenção captada, afirmo-lhes que têm valor. Rostos estendidos como roupa ao sol, olhos esbugalhados como se eu fosse flor espacial. Faço-lhes perguntas. A muito custo, vão respondendo.

O que vai na cabeça dos adolescentes?
Sabemos que neles está o vigor. Como podem estar motivados para a escola ao perceber professores desmotivados? O bom é que são professores que não desistem, dia após dia estão lá pelos seus alunos.

Um dos problemas nos adolescentes é a comparação, muito causada pelos modelos ostentados nas redes sociais. Ante esplendor, riqueza, beleza julgam-se um nada, perderam a capacidade de sonhar.
O sistema educacional português anda em crise, sabemos. Greves, manifestações, serviços mínimos, certezas e razões.


Percebo-os alheados, marinando como frango em limão. E se conhecessem os seus talentos individuais? E se descobrissem o seu potencial? E se olhássemos para eles como líderes, médicos, canalizadores, jardineiros, costureiras, empresários, veterinários, atores, escritores, pintores, músicos, enfermeiros, professores, eletricistas (…)? E se lhes déssemos voz?


Escrevem-me o que percorre as ruas da sua mente: Têm pavor da guerra, sim eles estão assustados! Detestam ouvir pai e mãe a discutir, com medo que se divorciem. Preocupam-se com a poluição do planeta, com a fome no mundo, com os testes. Têm sonhos mortos a resgatar. Não gostam do seu corpo. Detestam que falem mal de si nas costas, continuam a sofrer bullying: «fico triste quando as pessoas dizem que sou feia, estúpida e outras coisas». (seremos cúmplices se nada fizermos!). Sentem-se desvalorizados, insuficientes. Tristes pela morte de familiares. Desalentados. Vários relatam que não gostam da escola.

O que seria se os ensinássemos a fazer da escola um jardim colorido? A Primavera já chegada pintaria a escola de mil cores. Os telemóveis guardados para mais tarde. Plantar-se-iam árvores de oxigénio para ajudar os professores a respirar. Quem sabe, alguns deixariam de fumar. Estariam lá uns para os outros.

O que seria ouvir o que os adolescentes têm a dizer! A autoestima deles carece de gente que os entenda e não os julgue erradamente. Têm sentimentos! Estão no armário porque não são crianças, nem adultos, isolam-se. A OMS diz-nos que metade das doenças mentais surge aos 14 anos, se não tratada, terá repercussões na vida adulta. A família e os professores devem estar alerta aos sinais. Precisamos de os valorizar, apoiar, ajudar, incentivar e sobretudo, amar pela sua individualidade.

foto cottonbro studio se es adolescente andrea ramos
Cottonbro sudio

Que as escolas criem programas de liderança e de prevenção, que os pais ensinem a resiliência.
Felizmente, há novos modelos educacionais em PT que começam a ajudar esta massa de gente criativa. Escutam os adolescentes, valorizam o seu potencial, fazem-nos olhar para o conhecimento e usá-lo em favor de si mesmo. Falo do Movimento da Escola Moderna, da Brave Generation Academy, entre outras. Segundo um artigo do Montepio (9-2-23) existem 7 modelos alternativos.

É nos adolescentes que esperançamos o futuro!
Produzam-se mochilas de altruísmo!

Assinatura-Andrea-Ramos

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