Sentimentalismo, emoções amplificadas, a poesia, o escorrer da alma. Desde 1999 que o Dia Mundial da Poesia se celebra anualmente.
O acentuar das palavras que contrasta com palavras ocas. Apoderarmo-nos do poder da linguagem para compreendermos quem somos no mundo e o que nos envolve. Tantos dias requeremos criatividade para resolver dilemas, talvez a poesia tenha soluções!
Luís de Camões trouxe-nos o fogo do amor a arder, o quanto carecemos do amor próprio, pelo nosso país, pela nossa gente e também pelos imigrantes. Afinal o planeta é de todos! «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades» uma frase sua que podemos aplicar na vontade recente do sufrágio popular. N’Os Lusíadas descobrem-se os feitos Portugueses como a descoberta do Brasil; andam cerca de 400 mil brasileiros hoje, a descobrir Portugal. Precisaremos decerto de fazer da existência um poema épico que glorifique os feitos presentes e indago-me quais serão eles?!
Vimos em Fernando Pessoa o desdobrar da poesia. É isso, Fernando, não queremos «a alma pequena», explicitamos que os nossos jovens tenham em si «todos os sonhos do mundo», porém 30% entre 15 e 39 anos vivem no exterior, rumando a melhores condições de vida, que Portugal não oferece. O Observatório da Emigração (OE) concluiu que temos a «taxa de emigração mais alta da Europa e uma das maiores do mundo».
«Cautella, velhinha, não vás tropeçar» já nos alertava António Nobre, que no seu poema «Ah, deixem-me dormir» pergunta se o Hotel da Cova tem quarto para alugar. O Direito Real de Habitação Duradoura (DRHD) salvaguarda situações de despejo de arrendatários que tenham mais de 65 anos/+ (que representam 24% da população – dados Pordata) ou que possuam deficiência grave. Sabemos que a oferta de arrendamento subiu em 15 capitais de distrito no último ano (Sic Notícias, fev. 2024), menos mal.
Talvez andemos a chorar «Lágrimas ocultas» como a Florbela Espanca. Um estudo sobre a felicidade mundial evidencia que o sentirmo-nos amados é o que tem mais impacto, dado que mais contribui para a felicidade. Outros fatores são a saúde mental, as condições de vida, o sentido de valorização pessoal, sobretudo a situação financeira. Parece haver um contraste no poema Silêncio de José Régio «Sim, foi por mim que gritei», «Com 79%, Portugal é o segundo país europeu mais feliz (Ipsos, 14 março 2023).
«Os revoltados fazem de conta fazem de conta… os revoltantes fazem as contas de somar» atenta Natália Correia. A DGERT revela os dados de 2024 relativos à greve e seus pré-avisos. Vimos em 2023 o aumento da contestação social, o número de pré-avisos de greve desde a Troika (2013) que não se mostrava tão elevado. Reparámos que a maioria absoluta ajuda a entender o aumento das paralisações. Na área da educação, dados de janeiro indicam 40 face ao total de 48 comunicados à DGAEP. A FENPROF deixou o aviso ao próximo governo, ameaçando-o com greves e forte oposição.
A Canção de Eugénio de Andrade «tinha um cravo no meu balcão» aguça a comemoração dos 50 anos do 25 de abril e da democracia, todos somos convidados para esta festa (50anos25abril.pt) reforçando a memória, contruindo para os próximos 50 anos.
Vamos descendo sem pressa para o emprego, tal como Cesário Verde («Num bairro moderno». O Banco de Portugal prevê que o desemprego aumente este ano, mais de 350 mil pessoas vão procurando e no final de 2023 4,9 milhões estavam empregados. Não basta «olhar o sol» como Miguel Torga, corremos o risco de «queimar os olhos». Falta-nos o empreendedorismo? Criar as próprias empresas, sermos mais competitivos, inovar e investir!
Porventura não teremos explicações para o futuro ante nós?! «Olho e confronto/ E por método é nu meu pensamento (Poema, Sophia de Mello Breyner Andersen), escrevamos por isso a vida, o que sentimos, troquemos palavras certeiras com os amigos, declamemos os nossos poetas, cantemos os seus poemas. Num gesto inusitado, que possamos elogiar, fazendo da vida poesia andante.
É Natal na cidade
No coração da cidade o vento natalício corre nas veias dos comerciantes e conduz as folhas das árvores ao infinito. Vento de outono que não leva pessoas para o comércio tradicional. As grandes cadeias deliciam
12 opiniões sobre “Poema do meu país que se chama Portugal”
Interessante viagem pelos caminhos da poesia e dos nossos poetas.
Que nunca nos falte a poesia!
Poesia, a alma inquieta… muito obrigada querida Isabel!
Vivemos tempos desafiantes mas confusos. Queremos o mundo aberto mas estamos debaixo de muita inquietação. Mais do que nunca estamos perante uma duvida metódica e constante; será que é certo? A tecnologia aproxima-nos mas isola-nos. O mundo das pessoas precisa de mais cultura, inteligência e pensamento crítico, para não se deixar manipular e ir na onda dos populismos, totalitarismos e consumismos desregrados de tudo e mais alguma coisa. A cultura abrange crenças, costumes, tradições, linguagem, musica, poemas e prosas da espuma dos dias e da história de um povo. Lutemos, e como José Mario Branco cantava “a cantiga é uma arma”, lembremos que a cantiga é poema, é palavra que viaja sem fronteiras na musica. Tudo é Divino se entendermos que vemos, ouvimos e lemos.
Lindo! Muito obrigada por ler e pelo comentário!
Eu diria que “É urgente o amor!”como escreveu Eugénio de Andrade. Amarmo-nos, amar o nosso próximo, seja ele ou ela quem for e amarmos Aquele que tem maior amor por nós, Jesus. Somente por este caminho poderemos sonhar com um País melhor!
É urgente, sim! O verdadeiro amor…
Andrea Ramos sempre muito acertiva no dom da palavra
Que Deus a continue a usar com esse maravilhoso dom
Muito obrigado pela partilha
Adoro. A Andreia continua no caminho certo..não só nos livros lindos mas também com poesia! Adoro o trabalho desta escritora! Parabéns!
Muito obrigada! Bem haja! Continuo a escrever para incentivar à vida.
Muito obrigada! Quando recebo feedback isso motiva-me a escrever mais…
Que continues sempre a escrever de forma tão acertiva e interessante.
Muito obrigada, Olga. Sempre querida nas palavras…