Disse-lhe o nome e o comboio percorreu os trilhos furtivamente. Ele, inesperadamente, lançou o livro janela fora.
O coração dela pulou de ânimo mas desfaleceu logo a seguir. Não sabia se o voltaria a ver. Achou-se tal qual uma princesa em busca do amor da sua vida.
«Foi naquela tarde fria de Dezembro que o conheci…mal o conheci… mas sei que é ele!!!
Esta dor no peito arrebata-me! Ai…dói muito… (prostrada na cama lastima a sua sorte).
Fui esperar a minha tia que vinha do norte para passar o Natal connosco. Enquanto aguardava sentei-me ao lado de um jovem esbelto, de olhos azuis, cabelo loiro em raios de sol…
Ele estava a ler. Espreitei. Percebi de imediato que não tinha alma lusitana. Meti conversa perguntando as horas. E daí em diante foi uma cavaqueira pegada… Ele viajava para Madrid, depois para Paris, em direção a Londres.
Senti arreios vibrantes cada vez que ele olhava para mim. Era como se o mundo tivesse parado de girar só para me fazer feliz!!!
Mas, o comboio que o levava chegou tão depressa que me arrancou o coração do peito. Estávamos distraídos e ele quase o perdeu. Estupidamente nem lhe perguntei o nome» – Escrevia Teresa no seu diário. As lágrimas manchavam a folha. Era o dia de Natal mais triste da sua vida. O desânimo tomara conta de si…
Melancólica, foi buscar o livro e folheou-o página a página. Queria sentir o bálsamo do seu príncipe.
Ao chegar à última página percebe algo registado. Era a morada de Patrick! Ela não queria acreditar! Porque não viu logo?
Raivosa consigo, indignada, pulou da cama. Fervorosa, beijou desalmadamente o livro e clamou aos céus num grito incessante…
Começou a escrever.
A mão gélida tremia.
A sua estrela natalícia chegara…
Foto: Arina Krasnikova