Naquele dia, ela tinha vontade de dar. Não sabia como fazer, como começar.
Recortou um pai Natal bondoso de uma revista. Ela sabia que ele deixava as crianças cheias de gozo e contentamento. Mas, lá por dentro, era apenas momentâneo. Brincavam um pouco e logo deixavam os brinquedos de lado.
Depois, olhou para o telemóvel. Recados, mensagens, posts e imagens. Hum… não era nada daquilo. Decidiu montar a árvore de Natal na sala, com bolas, sinos, fitas e no topo, um estrela especial. Ainda não estava satisfeita.
Foi ao supermercado. No corredor dos doces, ficou indecisa. Chegou a casa e foi ler o jornal. Ficou triste com algumas notícias e pensou:
«Porque não falam do Natal de forma que nos ensine a entreajuda?»
Pegou no seu diário e a inquietação crescia como água na boca. Escreveu o que lhe ia na alma. Não queria passar este Natal como os outros. Não queria olhar só para si. Na noite, com o pijama vestido, olhou para as luzinhas da árvore e foi dormir. Sonhou com a estrela que guiou os magos. As crianças brincavam de mãos dadas, rodopiando. O sonho parecia não acabar.
No dia seguinte, chovia. Fez uma comida quente. Andou em volta da mesa, pensativa como numa chamada urgente. Sozinha em casa queria dar algo diferente. A família, longínqua, de nada suspeitava. Lembrou-se dos cadernos de infância. Foi buscar os lápis de cor e cogitou:
«Vou pintar de cor de rosa, que é uma cor quente: É isso mesmo, a cor das emoções. Um coração rosa, vou fazer muitos cartões para dar neste Natal. Cartões com o coração dos afetos e da compreensão. Para os meus amigos, vizinhos, desconhecidos, família e quem mais vier. Quero pintar o amor verdadeiro. Todos vão conhecer, finalmente o meu coração neste rosa coração.»
Publicado na página Mulher Criativa