
Não vimemos na idade média, nem somos guerreiros de atos heroicos. Apesar disso, brasões são ainda usados como tradição, um símbolo familiar.
No reino da mente humana existe o brasão da autoestima, um espelho que reflete a imagem que cada indivíduo tem de si próprio. Este brasão é valioso, molda o destino e tem o poder de influência.
Um zoomer chamou-me à atenção. Calado, sério, cabeça baixa, conectado ao mundo global e roupas escuras. Uma antiga cabine telefónica por perto, vazia, agora transformada em livraria. Uma geração a experimentar a solidão dos nossos dias.
Os adolescentes experienciam transformações corporais, tendo de fazer o luto do corpo infantil, é necessário reformular a imagem mental do corpo. O medo, a insegurança e a autocrítica, fissuras invisíveis nesse brasão.
Padrões impostos por meio das redes sociais, a pressão de grupo não são atributos para este brasão.
Quantos adolescentes não gostam do seu corpo, da sua voz, do cabelo, só vêm defeitos em si, comparam-se, criam demasiadas expectativas, a mania do perfeccionismo, cyberbullying, não conseguem encontrar a identidade, desvalorizam-se, sentindo-se feios e pouco atraentes e entram em depressão?
Sentimento de insuficiência, impulsionado pela exuberância de youtubers que têm moradia excecional, viajam por muitos lugares, estão sempre felizes. Pelo contrário, os adolescentes têm pouco prazer nas atividades diárias e sensação duradoura de cansaço. Um brasão deteriorado que guincha com gemidos escondidos. Brasão com armas de inferioridade e desvalor «sem feitos assinalados» que geram dor em vez de honra e satisfação.
Cada vez que nos cruzarmos com um adolescente na rua ou no shopping vamos olhá-lo nos olhos, mostrar-lhe um cartaz de aceitação, tolerância, compreensão. Vamos colocar-lhes as quinas do amor. Senão, como iremos fortalecer o seu brasão da autoestima? Fingindo que nada acontece? Qual o nosso papel como sociedade, sabendo que darão lugar às futuras gerações? Vamos oferecer laços de empatia para o seu brasão!
A saúde mental, tópico urgente, relevante. Abrir espaços de entendimento nos cafés e bares. Deixar que entrem mostrando o seu brasão, prevenindo o isolamento social. Criar atividades nas escolas primárias para que o brasão de cada criança seja único, uma joia.
Famílias em desespero com a casa às costas deixam para trás o brasão familiar, em vez do seu castelo bordado de ouro, afinal temo-los na bandeira. Que futuro os pais enxergam para os filhos estudantes, ensombrados pelo desespero de não conseguir pagar as contas?
Afinal, reconquistámos, expandimos, somo o «génio» das aventuras ao longo de séculos, não fosse a esfera armilar prova disso. Mas não conseguimos ajudar jovens que em depressão se suicidam porque o seu brasão da autoestima morreu.
Onde estão os educadores e profissionais da saúde mental treinados para diagnóstico e tratamento? A sociedade integral deveria saber identificar sinais de alerta e o governo implementar medidas eficazes de prevenção.
Cada família precisaria ter consigo a Escala de Rosenberg e de quando em vez, fazê-la com os seus filhos, visto a autoestima ser mutável.
Nas cidades porque não haver cabines criativas, onde os jovens se sintam no confessionário, partilhando sentimentos, preocupações, pedindo ajuda – um escudo citadino para repelir a negatividade, as dúvidas, o medo e a não aceitação.
Adolescentes em solitude, conhecendo o seu mundo interior…

Cravar-lhes o brasão da autoestima, onde raízes de prata se entrançam, simbolizando o vigor e resiliência das origens. No centro, o sol da luz interior, o potencial timbrado em cada jovem português.
O brasão da autoestima revigorado, amor próprio, autoaceitação incondicional, uma insígnia perfeita, Geração Z com o seu grito de batalha ganha, por fim.
Este é o oitavo texto sobre a série autoestima. Se gostou, deixe o seu comentário e partilhe com os seus amigos. Também pode adquirir o livro (Muda) O Meu Nome que incentiva os adolescentes a valorizarem-se.
Setembro é o mês da prevenção do suicídio.
#setembroamarelo
Leia o texto anterior:
https://www.andrearamos.pt/sintomas-de-baixa-autoestima-procurando-solucoes/