Nevoeiro – o futuro ninguém consegue enxergar

21617855 1449356265177208 4320710241999227844 n

Ela nascera plebeia. Não lhe corria sangue azul na veia. Pais trabalhadores ensinaram-na a preparar o seu futuro. Com poucos recursos suportaram-lhe os estudos.

Estava habituada a dormir pouco. Ajudava nas tarefas de casa e da quinta, alimentando os animais, semeando, regando e colhendo as frutas e legumes. À noite, antes de dormir, gostava de ler histórias de amor que tivessem final feliz.

Um dia, determinada, saiu de casa rumo ao norte, ia tentar a sua sorte. Despediu-se com lágrimas nos olhos, certa de que empenhando-se iria conseguir o seu sustento e algo mais.

Nada devia à beleza. A sua longa trança enfeitava-lhe o vestido.
Ficou inicialmente num quarto alugado, depois arranjou trabalho cuidando de uma idosa. A velhinha era a sua companhia e ensinava-lhe como viver sabiamente.

Levava a sua companheira a passear no jardim. Primeiro olhava-se na água do lago. E todos os dias era assim. Mas quando chovia ela tapava os ombros da anciã com um xaile, acendia a fogueira e ficavam as duas à janela imaginando o sol a jogar às escondidas.

Certo dia, chegadas ao jardim, corria um nevoeiro cerrado, esquisito. Ela não pôde ver a sua figura no lago. Ficou desolada. E por vários dias o cenário se repetiu. Foi então que a sua companhia partiu.

O lago gelou.
O seu futuro chegara.


Foto: internet

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações com indicação da fonte, sem prévia autorização da Autora.

Partilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

o melhor presente

O melhor presente

A sala iluminada, a árvore enfeitada no canto, os presentes no chão, a lareira acesa. A família reunida à mesa. Os avós, os pais, os filhos de olhos arregalados para ver por onde começar, se

Leia mais »
a minha tia

A minha tia

Olhou para o relógio de pulso, orgulhosa. Uma prenda do marido. Maria fazia a viagem de comboio para ver a tia, doente há algum tempo. A tia que a ajudou a crescer, que a ensinara

Leia mais »
Água Marinha

Água Marinha

«Ha moce a históira da alagartada? É nã queria acarditar q’ando acordê! Atão fiquê aflita, de pedrinha na mã, coisa que nunca tinha visto. É almariada, má que jête cã’quela coisa má linda assustê-me da

Leia mais »
Scroll to Top