Lembrando os missionários que se sujeitam a tantos perigos…

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Junquer, tu não podes arriscar tanto! Gritou Helen à medida que corria junto ao comboio. Ele, sentado ao lado de uma velhinha de óculos escuros, pega num livro. Deixa-se dormir. Durante a longa viagem alguém o aborda. A sua cara de espanto não deixa dúvidas.

A colega missionária aguardava-o na fronteira. O jipe arranca a toda a velocidade e de imediato outro o segue. Emboscada na frente. Gritos soam das gargantas afiadas sem que eles percebam o que lhes é dito. Já de olhos vendados e armas apontadas à cabeça os dois amigos suplicam aos céus o final da agonia. São deixados em salas separadas. Cheiro nauseabundo.

Ao raiar do dia Junquer escuta vozes. De rompante, a velhinha do comboio com os maus da fita obrigam-no a olhar fixamente para a câmara e suplicar pelo valor do resgate.

Marian, a colega, pressente o pior cenário. Na sua sala entram apenas três homens. Despem-na à força, ela cuspindo, deixa-os enfurecidos. O sol enegrece.

O missionário, de rastos, penitenciou-se. Lembrou-se do jornalista famoso que o abordara no comboio. Onde estaria? Teria conseguido o seu plano? Mal ele sabia que tinha sido encontrado morto dias atrás.

Lá no fundo acreditava que o seu país faria algo por ele.

Marian ansiava a morte. A esperança de sair dali viva tinha sido arrancada pelas facas afiadas.

Junquer estava decidido a tentar tudo por tudo para libertar a colega.

A velhinha voltou, estava sozinha, para seu espanto. Fingiu-se moribundo. Ela raivosa fala-lhe em inglês. Puxa-lhe pelos cabelos. Mostra-lhe o bilhete encontrado no bolso do jornalista.

– «Estrada de Damasco», cão selvagem, o que é que sabes sobre isto?

As forças de Junquer ergueram-se. Teria agora uma missão maior. Os raios de sol entraram pelas grades da pequena janela. Junquer consegue alcançar a corda que já estava preparada para o enforcamento. Os guardas ouvindo o reboliço entram, disparando. Sem querer acertam na velhinha e Junquer consegue fugir. Esconde-se nos escombros.

A noite chega e consegue andar alguns quilómetros sem que seja reconhecido. Já sem fôlego, cai. Nesse mesmo instante surge um camião da ONU…


Foto: internet

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