Era a tarde de mais um dia. Escurecia…Jonathan já cansado e desgastado da vida, fiel à sua persistência, ali estava, senão a dormitar sob a relva esperança do horto colossal. Jardim esse, que perdera todas as flores.
Os pensamentos desvaneciam e retornavam sem pedir licença, na fusão de ideias turbilhão. Ele não planeava desistir sem perceber o seu sonho cumprido…
Dia seguinte ao outro, dos outros dias. A cadeira de baloiço, o caderno de linhas, os óculos de massa – usuais companheiros.
Dedos afadigados da escrita que a vontade obrigava. Aquele romance expunha trágica história, que não encerrava a narrativa do sonho fantasiado. Fazia parte da lógica do seu mundo interior.
Nada, nem ninguém o faria deter sem que esboçasse o súbito desfecho. Obra-prima sobre vidas embargadas que o fado deixara inacabadas. Ali, debaixo do salgueiro-chorão, Jonathan carpiria as lágrimas do triunfo!
E, nesse mesmo dia, de rompante, sem alcançar se a mente o traíra, Jonathan abrange a seriedade pela aparatosa sonância. O avião trazia à realidade a invenção. O desnorteado avião esborrachava-se junto à residência de todos os dias, uns 200 metros aquém.
A terra estremeceu… O ímpeto clarão ateou a lâmpada da destruição ao seu redor. O impacto, qual trovão colérico em nuvens despidas de horror!… Objetos pessoais mesclavam o amontoado de cinza e lata. Corpos caídos do céu salpicavam a relva – agora carmesim! Fragmentos de gemidos ensurdeciam as sirenes… E a cadeira baloiço crepitava embebida pelas chamas.
Dores infindas trouxeram a certeza do pulsar. Os óculos repousavam na face condoída enrugada.
A partir daquele dia, a malfadada história triunfou.
O salgueiro-chorão emudeceu.
O caderno de linhas… intacto!
Foto: Alex Azabache