
No outro dia deparei-me com um grafiti numa parede de um prédio. Fiquei desde logo pensativa, querendo até retroceder no tempo e fazer uma reflexão pessoal. Podia ler-se «I like my choices». Será que o podemos afirmar também? Ou por vezes arrependemo-nos das escolhas que fazemos?
Costumamos escutar a frase «A vida é feita de escolhas». A constatação por si só não nos leva a decidir qual o caminho certo a percorrer. Há escolhas boas. Como aquela célebre imagem de ajudar a velhinha a passar a passadeira. O que não faltam é oportunidades!!! Acho pertinente a resposta de uma amiga quando lhe perguntei se se arrepende de alguma decisão do passado. «Já fiz algumas escolhas más que me arrependi e já pedi perdão a Deus, mas das coisas boas eu nunca me arrependo».
Pablo Neruda diz-nos que somos livres para fazer as nossas escolhas, mas prisioneiros das consequências. Sempre que escolhemos estaremos porventura preocupados com as consequências?
O caso de Adão e Eva, primeiras figuras da história da humanidade. Uma decisão aparentemente fácil – não comer o fruto daquela árvore. Mas o olhar era cativado pela aparência. (Onde é que eu já vi isto?) Embora alertados para não o fazerem, optaram por dar crédito a quem estava de fora. As consequências foram graves!
Podemos comparar as más escolhas como condução em contramão. Se nada se fizer há uma grande probabilidade de ter um acidente.
Desde o acordar ao deitar não paramos de escolher. Desde se lavamos a cara ou não, se fazemos uma festa ao cão e até à noite tanto haveria a dizer!
Embora nos tenha sido dada a possibilidade de escolha, há certas coisas que não escolhemos, como o tom de pele, os nossos pais ou a doença.
Há escolhas que originam o caos na vida dos outros. Um exemplo? Quem escolhe pôr termo à sua vida pensa nos seus entes queridos que ficam cá a sofrer?
Há escolhas fáceis e escolhas difíceis.
Há escolhas sábias e escolhas tresloucadas.
Há escolhas que mudam o curso da nossa vida.
Ser realista, conhecer-se a si mesmo, refletir antes da tomada de decisões, escutar quem nos quer bem ou pessoas mais velhas, analisar prós e contras, controlar os impulsos e definir prioridades são apenas alguns tópicos importantes quando queremos escolher bem.
E no final de tudo isto ainda continuo a refletir sobre o grafiti!
Texto publicado na Evellis Magazine Portugal em outubro de 2017, pág 86