Em casa, chama-se alguém, resolve-se a situação. E num wc público? Procura-se o lenço na mala ou o papel das mãos. Momento para dar largas à criatividade. Abrir a folha do rolo, solução à vista. Se existir bidé, menos mal. A regra é verificar sempre antes de usar.
A OMS decretou a água e saneamento como um direito básico. O papel higiénico, importante para a higiene e saúde, é biodegradável.
Na Guiné Bissau dei formação a professores sobre criatividade. Antes de ir perguntei se havia rolos de papel higiénico, já que estes dão para fazer bonequinhos, hortas, instrumentos, decorações, animais, embalagens. Desiludi-me. Na tabanca, a retrete é na rua. Um quadrado feito de chapa com um buraco no chão, leva-se o balde atrás. Usam também ervas do campo. Pensei na regalia que temos em Portugal e nem damos valor!
De onde vem o papel higiénico? Das árvores! Fibras à base de madeira juntamente com água e lixivia e produtos químicos que objetivam a eliminação de microrganismos nocivos à saúde. Porém, em nome da sustentabilidade, alguns são produzidos a partir de bambu ou palha de trigo (desperdício da agricultura).
Quem já se deparou com crianças ou animais a desenrolar o cilindro? Para os mais artísticos, a internet dá a chance de fazer o próprio papel higiénico, usando espátulas de madeira de dentista. No site Do zero consciencializamos o consumo médio anual por pessoa 7.4Kg (2019). As alternativas, usar bidé, toalha ou paninhos. A sua concorrente: toalhitas húmidas, práticas para ter no carro ou na mala. Quem, sabe, um bom investimento: criar uma fábrica de papel higiénico.
Como nasceu o nosso objeto maravilha? Papel medicinal de Gayetty, o primeiro a comercializá-lo em 1857, humedecido com aloé vera. Outros sugerem que nasceu na China em 875. Em 1942 acrescentou-se a segunda camada para garantir maior absorção. Seth Wheeler detém as patentes, embora pese o facto dos Irmãos Scott serem referidos como os primeiros a vender papel higiénico em rolo.
As sanitas no Japão trazem inovação, esguichos de água para lavagem das partes íntimas em várias direções, o que permite maior higienização, um enorme desafio para quem experiencia a primeira vez. A solução para dizer adeus ao papel higiénico. O problema é que em japonês não se percebem os símbolos implantados no comando a fim de parar o jato. Secagem, sensores de movimento que fazem a tampa levantar ou baixar, música, tampo aquecido, colunas que imitam som do autoclismo para disfarçar sons do corpo.
Uma aventura que nos faz rir como criança, garanto!
E as excentricidades não terminam, um museu da conhecida marca TOTO[1] de sanitas dá aos visitantes a chance de percorrer o trajeto das fezes, desde a sanita até aos esgotos.
E antigamente? A natureza encarregava-se de ajudar. Conchas, pele de animais, feno, folhas de plantas, areia, lasca de madeira, espigas de milho, água/neve. Os romanos usavam esponjas embebidas em água salgada ou vinagre. Os ricalhaços da época, lã e água de rosas. Usou-se ainda fragmentos de tecido, jornais e… até «Páginas amarelas».
Quem não se lembra da corrida ao papel higiénico na pandemia?
A orientação do papel higiénico no seu suporte, imagine-se que tem sido objeto de estudo! Existem poemas sobre o dito cujo, fazem-se origamis e dá para personalizar.
Hoje, temos o perfumado, o decorado, o colorido, o ecológico e com sudoku para treinar o cérebro.
[1] https://www.publico.pt/2015/09/02/p3/noticia/no-japao-ha-museus-sobre-sanitas-e-nao-so-1824325