Eu tenho alguns. Nem posso pensar em me aproximar de cobras ou ratos.
(Foto: Rene Asmussen)
Certa vez, estava num parque natural na Costa Rica (floresta tropical) com a minha família e, de repente, percebe-se uma agitação, escuta-se um burburinho irritante, acercam-se trabalhadores vestidos de macacão verde e avisam-nos de que temos de caminhar em frente, muito vigilantes, pois uma cobra venenosa foi avistada ali.
Alternativas? Entrar em pânico?
Respirei fundo, tentei gerir o meu pensamento e em vez de gritar, fiquei calada, mas com muito medo. Tentei manter o controle, embora estivesse em estado de alerta elevado, os meus músculos tensos, a minha cabeça semelhante a um radar com vontade de explodir. Em pensamento, eu pedia continuamente a Deus que me ajudasse.
Seguimos o trilho indicado. E enfim, chegámos ao final daquele trajeto e o alívio foi imenso.
Há, porém, situações em que gelamos, paralisamos e temos motivos para isso. O medo começou lá no início. Na verdade, há mesmo 22 tipos de cobras venenosas nesse país, descobri, entretanto.
O livro de Salmos é excelente para nos conectarmos com os sentimentos descritos. «O meu coração está acelerado; os pavores da morte me assaltam. Temor e tremor me dominam; o medo tomou conta de mim.» Salmos 55:4-5 (oração dum perseguido, hino da coleção de David).
É isso, o medo toma conta de nós e passa a ser o nosso guia. Permitimos que ele gere em nós ansiedade em vez de tomarmos o controle dos nossos pensamentos.
Efetivamente, somos humanos. O medo começou no jardim do Éden. Depois da desobediência dos primeiros seres humanos, a Bíblia conta-nos que Adão teve medo. Ora veja-se se não é parecido com as crianças quando fazem alguma maldade e se escondem por medo das consequências, pois têm consciência de que fizeram algo de errado.
«Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me.» Génesis 3:10.
Pois é, viu que estava nu, desprotegido, antes estava em paz, descansado da vida. tudo se alterou a partir dali.
Uma boa dose do medo protege-nos. Medo de nos aproximarmos de um penhasco, por exemplo, faz com que não nos acerquemos. Quantas noticias chegam até nós sobre alguém que escorregou e caiu?
Então, como gerir os nossos pensamentos para melhor controlar os nossos sentimentos e alterar os nossos comportamentos?
Diria que temos um automatismo. Quanto melhor trabalharmos os nossos pensamentos, melhor nos sentiremos e atuaremos de modo diferente e mais conscientemente.
Estar na dependência de Deus é um ato de fé, vamos em direção a nada visível, palpável, mas confiando que Ele vai ajudar-nos a gerir a situação. «Mas eu, quando estiver com medo, confiarei em ti.» Salmos 56:3.
Valerá a pena repetir esta frase vezes sem conta na nossa cabeça?
E ainda assim, continuarei com medo de cobras e ratos; um rato roeu-me a mão e isto não é invenção. Aconteceu quando eu era pequena e estava a dormir. Um rato tinha entrado no quarto.
Diante situações de stress que nos deixam a tremer mais vale pedir a Deus ajuda, respirar fundo, gerir o pensamento para continuar em frente e não nos deixarmos vencer pelo medo que só nos vai aprisionar.
E o que aconteceu a seguir ao medo de Adão e Eva? Deus fez-lhes perguntas. E a serpente respondeu, ao ser acusada. Como tal, aqui está a explicação para o meu medo de cobras:
«Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás tu dentre todos os animais domésticos, e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.» Génesis 3:14,15
Se negamos a Bíblia, talvez não encontremos explicações para muitas coisas que nos sucedem. Ela, escrita por homens, inspirada por Deus, o Criador. Um manual de sobrevivência, de vivência, de sabedoria e que nos ajuda a entender a origem dos nossos medos e nos sugere o trilho mais seguro por onde andar.
PS. A estes medos dá o nome de ofidiofobia ou ofiofobia (serpentes) e musofobia (ratos) e herpetofobia, o medo de répteis.
Texto publicado na página Portugal em Oração