A vida é uma corrida intensa.
Agitada.
É dádiva que envolve sacrifício.
O stress, uma ameaça que perturba o nosso equilíbrio. Ele altera o humor, a produtividade e a qualidade de vida. Hoje, fala-se sobre o síndrome de burnout: esgotamento físico, metal e psíquico associado ao stress, originado pelo trabalho. Olhamos para vida como algo que nos foi imposto? Observamos o trabalho com ingratidão?
Se porventura nos aleijamos e ficamos sem poder trabalhar, desejamos voltar ao trabalho porque estamos fartos de pasmaceira. Verdade?
Que loucos seremos nós ao não valorizar o que temos.
Mãos para trabalhar? Cérebro para pensar? Coração para amar? Pés para correr? Ideias para fazer coisas, criatividade para gerar valor?
Gosto de ir ao princípio, às origens para entender determinados conceitos.
Deus deu nome à luz e à ausência dela, nomeou o céu, a porção seca – terra, ao ajuntamento das águas – mares. Ele ordenou que a fauna e a flora se multiplicasse. Na verdade, temos tantas coisas de graça, sem nada fazer sequer para merecer: uma terra para viver, um mar para pescar. Árvores que nos dão oxigénio, lenha para nos aquecer e frutos para colher. A luz para ver o que fazemos; a noite para descansar e ganhar energia para o dia seguinte.
Antes do homem ser criado, «o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra. Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra.» Gênesis 2:5,6
O trabalho era já uma função adquirida antes mesmo de o homem ser criado.
Havia um plano. Porque a terra criada e tudo nela precisaria de ser lavrada e cuidada. «E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.» Gênesis 2:15. Mesmo um jardim carece de cuidado! Além disso, mandou os primeiros seres viventes a sujeitar e dominar essa fauna e flora e daí, adviria o seu mantimento.
Adão nomeou todos os animais: «trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.». Gênesis 2:19. Cá estava Deus a dar uma tarefa ao ser vivente. Que grande empreitada e boa dose de criatividade precisou o Adão. Onde foi ele buscar as referências?
“No sétimo dia, Deus descansou de toda a obra que realizara”. Hebreus 4:4
«Então abençoou Deus o sétimo dia e o santificou, porquanto nele descansou depois de toda a obra que empreendera na criação.» Génesis 2:3
«Porquanto em seis dias Eu, o SENHOR, fiz o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles, mas no sétimo dia descansei. Foi por esse motivo que Eu, o SENHOR, abençoei o shabbãth, sábado, e o separei para ser um dia santo.» Êxodo 20:11
O descanso foi previsto pelo próprio Criador. É imperativo! Até Ele mesmo descansou, quanto mais a sua criação necessita do descanso…
O pecado gerou maldição para a nossa vivência.
O pecado é a desobediência daquilo que Deus ordenou para o nosso próprio bem. Querendo fazer tudo à nossa maneira ou ouvir vozes de serpentes que nos fazem tomar decisões erróneas, vejamos:
«E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.
E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.
Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo.
No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás. Génesis 3:16-19
Que graves consequências herdámos como humanidade!
Se estivéssemos lá, agiríamos exatamente da mesma maneira. O nosso ego, o nosso egoísmo, a nossa vontade desmesurada, enfim. Em vez de acatarmos as decisões do Criador, decidiríamos por nós mesmos, esquecendo que a prevenção é para nosso bem. Não é hoje assim? (Ele bem avisou!).
Que decepção deve ter tido Deus!
Ao avaliar a sua obra-prima disse que era «muito bom». Como é que seres feitos às sua semelhança não seriam muito bons? Estragámos tudo…
A dor veio para todos os dias da nossa vida, o sofrimento de dar à luz às mães, daí em diante para todas as gerações. A dor da mulher multiplicada (não apenas dor mas em grande escala), o suor do rosto e esforço do trabalho para conseguir obter alimento para viver, os espinhos da vida, cardos, a erva do campo em vez de frutos bons de um jardim maravilhoso, tudo isto uma herança negra em vez de um paraíso. Será por isso que as lindas e cheirosas rosas têm espinhos? Os nossos desejos, subjugados.
Acabou-se a dádiva graciosa sem penar. Terminou a beleza do corpo, há que escondê-lo. Gastar dinheiro em roupa. Roupa para aquecer o corpo. E ainda não tinha vindo a chuva, nessa altura… Voltar a ser pó, a morte humana, o luto, a decepção, a doença. E a casa? Deixou de ser um jardim… há que construí-la, comprá-la, trabalhar anos a fio…
«E quanto ao homem, a quem Deus deu riquezas e fazenda e lhe deu poder para delas comer, e tomar a sua porção, e gozar do seu trabalho, isso é dom de Deus.» Eclesiastes 5:19
O trabalho, dom de Deus, agora com sacrifício.
Quantos idosos chegam à reforma, achando que aí vão ser felizes porque podem descansar finalmente, e depois vêm outras dores, o sentimento de inutilidade?
Vemos o trabalho como um fardo, levantar a cada manhã, as rotinas, a imprevisibilidade do futuro, as contas para pagar, os filhos para alimentar. Para quase tudo precisamos de ter dinheiro. Mas o trabalho não é só para obter dinheiro. No trabalho há realização. Há gozo pelo alcance de objetivos.
O trabalho já estava lá, nas origens, para sermos coautores, cocriadores com Deus.
Ele, a elevar-nos e nós não vimos nada disso. Desprezámos. Quando desprezamos, não valorizamos, não damos crédito e isso dá-nos a chance de ouvir vozes que não nos querem bem. O plano era outro, estragámos tudo.
A maldição está cá.
Hoje, temos a tecnologia que nos ajuda. Eletrodomésticos para empenharmos menos esforço e tempo. A máquina de lavar roupa, a da louça, o espremedor de citrinos. O computador. E o mundo digital? Já não gastamos tempo para ir à biblioteca, podemos tê-la em casa. E ainda assim, não temos tempo. Telemóveis para falar e resolver muitas assuntos, que também nos distanciam (note-se o isolamento dos adolescentes).
E como o tempo é pouco, ainda roubamos ao descanso, que é indispensável.
Estudos e mais estudos existem sobre a importância do descanso para a mente e corpo. Se queremos ser criativos, ter ideias, não ter stress, dizemos que precisamos de descansar. Mas não devemos esquecer os espinhos e cardos que estão na vida, que não nos deixam tranquilizar, picam, fazem doer e choramos.
Buscamos tesouros na terra. Mas o maior tesouro é eterno.
Deus deixa recomendações e as decisões na nossa mão, foi assim desse o início: «acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam». Mateus 6:20
Este capítulo explica tantas coisas, repare-se:
Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer?’ ou ‘Que vamos beber?’ ou ‘Que vamos vestir?’ Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas serão acrescentadas a vocês. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal.
Diria ainda que o stress vem com uma capa.
A capa da descrença e do desconhecimento. Quando ambicionamos aprender sobre Deus, o seu Reino, as suas ordenanças e recomendações, começamos a entender os preceitos da vida. Entender que vivemos num mundo amaldiçoado e sofremos as consequências disso. E não importa viver ambições humanas e descredibilizar as espirituais, pois na verdade, quem crer perceberá o mundo espiritual que caminha diante de nós. Queremos vê-lo? Que escolha fazemos? A Eva olhou para a serpente, deu importância ao que ela disse.
Receitas para alívio do stress são imensas e o objetivo não é lista-las. No entanto, aqui vão algumas dicas: Experimente relaxar com uma massagem. Ter alguém para o escutar. Abraçar e ser abraçado. Ouvir música. Olhar o mar, o céu, ver o sol nascer ou o seu pôr. Fazer algo que goste, repousar num lugar prazeroso. Dormir com qualidade, criando a sua rotina de descanso, num ambiente silencioso e sem TV ou telemóvel, computador ou documentos do trabalho.
Criar novos hábitos, ler um livro, caminhar/praticar exercício físico. Não fumar, reduzir a ingestão de cafeína e álcool. Dizer não a solicitações suplementares, gerir bem o tempo, sobretudo definir prioridades diárias. Sair com os amigos, família ou reuni-los à mesa. Escrever o que sente, pode ainda ser um escape.
Tenha cuidado com o seu pensamento. O seu pensamento gere os seus sentimentos e estes, o seu comportamento. Não pense sempre de forma negativa, existe o outo lado da montanha.
Confiar em Deus, buscar o seu Reino, crer que Ele é real, que é o nosso Criador, que nos quer bem, que nos dá imensas dádivas, julgo que nos fará estar mais conscientes. «Confia ao Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos.» Provérbios 16:3
E viver um dia de cada vez, sabendo que há promessas do Criador para nós, teremos decerto menos stress.
É como se uma carga fosse aliviada. E por falar em carga, ao levar a carga uns dos outros (Gálatas 6:2), sendo bênção para a restauração de alguém, aliviamos também uns aos outros. Porém, a cada dia, já sabemos que existe maldição, vivemos com ela.
Ele sabe tudo acerca do que necessitamos. As nossas carências, tristezas, aflições, alegrias, planos e pensamentos. A vida é presente de Deus. Tem coisas muito boas, plenas de gozo, amor, gáudio e ao mesmo tempo, a tal maldição. Quer trabalhemos, quer descansemos estamos num processo. Vivemos a aprender a viver. Nascemos, crescemos, amadurecemos. Gerações e gerações. Invasões e corrupção. Um mundo corrompido que não é a perfeição. Nele vivemos, trabalhamos, esforçamo-nos e enfim, um dia a luta, a dor cessará, voltaremos a ser pó.
Se com o nosso Criador vivermos cá, há uma esperança de voltarmos a um estado pleno, voltar a estar com o Criador, só possível através do Seu Filho Jesus, o mediador, que veio religar a nossa relação mal resolvida com Deus.
Jesus certa vez disse:: «Vinde a mim todos que estai cansados e oprimidos e eu vos aliviarei.» Mateus 11:28, dando-nos a possibilidade de tranquilidade e paz, mesmo em momentos difíceis da vida.
Assim, se possível, trabalhe com maior satisfação, descanse q.b., desacelere.
Tente ter uma vida com equilíbrio. Pare para escutar. Leia a escritura sagrada que apresenta inúmeros conselhos para uma vida com mais qualidade. Acredite, a sua existência integra a ordem da multiplicação, a obra «Muito Boa» de Deus.
Seja realista e não crie demasiadas expectativas em relação aos outros.
Essa melhor gestão ajudá-lo-á a menor frustração. Cuidado com as comparações.
Por último, tendo patente de que o nosso patrão é Deus e Dele recebermos a recompensa, não iremos ter maior conforto e satisfação?
«E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis.» Colossenses 3:23-2