Mais um desafio escrito. Desta vez dedico a todas as donas de casa!
Era doméstica apurada
Estava sempre atarefada
Limpar – para si palavra crucial
No seu dicionário de afazeres
De manhã, a limpeza facial
(coisas de mulheres!), a despachar…
Numa corrida abismal
Leva os filhos ao infantário
Um de cada lado a chorar
Põe as mãos à cabeça
Nem sabe por onde começar
Arruma peça por peça
«Brinquedos no chão, alguém ainda tropeça!»
(pôs logo o rádio a tocar)
De avental à cintura
Assim começa as limpezas
Com panos de microfibra
Limpa todas as miudezas
E pó de cima das mesas
Com vinagre lava os vidros
As teias é com a vassoura
Aspira o corredor, quartos e cozinha
Dona de casa, rica senhora
Ninguém lhe dá valor
Por tudo fazer sozinha
Põe carne a marinar
Tem o forno ainda por limpar
Os lençóis faltam mudar
E almofadas arejar
«Tenho as carpetes que lavar!
A lixivia no Wc não pode faltar!»
Vai esfregando com força o calcário
Deixa as torneiras a brilhar
Mulher caseira tem calvário
Ninguém a quer assalariar
«Esta casa, que canseira»
está tudo uma sujeira!
As meias tenho pra coser
Os filhos pra buscar
As compras pra fazer
O jardim pra regar
E o jantar para adiantar!»
(Luvas – ela não gostava de usar)
Asseia ainda a casota do cão
O chão da entrada era sempre lavado
De balde e esfregona na mão
De sorriso na boca e incansável
É senhora de si e afável
Estende a roupa, põe a secar
Deixa a casa a brilhar
Seu trabalho é deveras rentável
À noite escolhe a roupa que vai lavar
(porque não gosta de acumular)
Depois lava a louça do jantar
Deita os filhos e canta-lhes uma música de embalar
«A limpeza do carro fica pra amanhã
Que também será dia se Deus quiser
Haverá roupa pra passar, filhos pra educar e tantas outras coisas pra fazer»
(Ainda fazia serão de dedal na mão!)
Foto. internet