David Martinho, jovem músico, disse-me que foi o avô que o incentivou a tocar piano. E que os pais também o motivaram.
Quantos avós incentivam os netos? Que pais estão a descobrir os talentos nos seus filhos? Histórias lindas há por certo para contar.
Assim foi o contacto inicial com a música, com cerca de sete anos. Tocava na escola dominical de uma igreja.
Palavras de ordem para quem quer aprender e melhorar em determinada área: FRUSTAÇÃO. DESMOTIVAÇÃO. Ao inicio é sempre difícil. Mas com esforço e dedicação o cenário se altera. Aqui reside o problema, note-se nas suas palavras:
Sempre fui muito perfeccionista comigo próprio, principalmente em algo que me interessava e gostava. Não tinha noção do tempo e estudo que um instrumento exigia, então achava que era tudo imediato.
Os jovens precisam de entender que o mundo não é perfeito, ninguém é perfeito. E que não há problema em desejar fazer algo com excelência. Como a vida hoje prima pelo imediato, tendencialmente querem tudo a acontecer em segundos. Mas há tantas coisas na vida que carecem de esforço e vontade! Sabemos que o talento pode ser inato e pode ser melhorado com treino, dedicação e empenho.
Voltando ao jovem David, aprendeu percussão durante dois anos na banda filarmónica da aldeia onde vive (Serra d’El-Rei). Quando o questionei acerca dos dedos de pianista, referiu que «são fortes, ágeis, coordenados, mas também muito sensíveis!». Mas este rapaz é também atleta:
Se não pudesse aprender música, com certeza teria escolhido o desporto como principal profissão e dedicação diária. Já fui atleta de alta competição durante 6 anos.
Fazia atletismo, era velocista e as minhas especialidades eram os 60, 100 e 200m. Creio que as minhas maiores conquistas no desporto foram a minha marca aos 60m (7,00 segundos), aos 100m (10,88 segundos), o recorde nacional de estafetas sub-18 4x100m (42,20 segundos), ter sido campeão nacional de 60m (juvenis) em 2018 e o facto de ter feito parte da Seleção Nacional para vir a ser campeão ibérico nos 100m em 2018.»
No entanto, tem o sonho de viver da música. (Onde é que eu já ouvi isto?). E recomenda aos mais novos: «Ouçam música, cantem, toquem, explorem! Se algo vos interessa, falem com os vossos pais!
Determinado, explica que a sua maior descoberta não tem a ver com a técnica ou com conhecimentos, «mas sim sobre aquilo que tens para dizer ao mundo, bem como aquilo que Deus tem para dizer através de ti e do teu instrumento, quando és servo Dele.
– David, achas que a música tem sabor?
Diria que não existe um sabor, mas sim todo um paladar. Podemos senti-lo de várias formas. Umas vezes mais doce, outras vezes mais salgado. Depende do contexto em que estás a tocar naquele específico momento.»
Para este jovem pianista universitário, a meta está lá, bem definida. «Considero que é o meu estudo individual, exploração e interesse que me definem mais enquanto músico e pianista.»
O empenho é notório!
Obrigada David por nos contares um pouco da tua história…
Quem sabe possas inspirar crianças e adolescentes a não desistir, a seguir em frente e a lutar pelos seus sonhos.