Hoje decidi escrever. Onde me inspirei?
Num excerto de Loide Muniz Barreros, que diz:
Minha história; Todas as Loides com suas histórias; Coisas boas, boas coisas, coisas certas, certas coisas; Zoológico enorme de feras e monstros; Rios subterrâneos, cavernas, quartos fechados, salas escancaradas, escuridão, fleches de luz; Cicatrizes de estimação…
Loide Muniz Barreros
Paro já cansada porque sei que a lista é grande
Daí. trago à memória o recado de Rubem Alves no texto os – Moradores do meu Albergue onde diz – “ Deus perdoa os nossos pecados e a nossa missão é desalojar demônios.”
E inspirada por tais palavras, escrevi:
Qual é a tua história? Achas que tens só coisas más? Não, também tens coisas boas. És criação de Deus, és parte de alguém que também já fez história.
Mas quando fazes ou dizes coisas más, isso apenas são momentos, não são o que tu és, tu és mais do que essas coisas. Tu és. Podes não ser quem desejas ser nesta hora mas podes tornar-te em quem almejas mais à frente. Cada passo será importante. Cada etapa relevante. Mas o desejo do teu coração vai ditar o caminho. Se o teu coração tender para o bem, caminharás no trilho certo, se tender para o mal e decidires ir por lá, irás agonizar mais adiante.
A tua história vai ficar na memória? Quem Deus diz que tu és? Não o vizinho. Não uma voz dentro da tua cabeça a dizer que nada vales, que não prestas.
Se te sentes fera, acalma-te pois uma fera devora. Se um monstro te sentes, porque não te sentes um filho de Deus? Não conheces o teu Pai? Podes conhecer o Pai através do filho Jesus, e este será teu irmão.
Qual quarto fechado te sentes, isolado, cativo, escuro. Deixa essa escuridão, abre a janela e contempla o sol, o nascer do dia, a luz, vai devagarinho para que não fira a tua vista. Mas deixa nascer esse sol em ti, no teu interior, numa simbiose perfeita.
Quando as cicatrizes quiserem ter voz, não deixes, não permitas. Coloca um creme para as suavizar, encontra um ombro amigo para deixar as mágoas sair, mas mais do que esse amigo, há um muito especial que te entende. As suas cicatrizes são fundas. Tão fundas que tu e eu contribuímos para elas. Sempre que nos tornamos birrentos, azedos, quando não nos interessa escutar a verdade, quando não nos tornamos terreno fértil onde cada semente brota, sementes de ternura.
Assim, deixa fluir o rio de amor em ti, nada graciosamente e sem desespero. Vem à superfície respirar o gozo da vida plena, depois senta-te junto a uma árvore esbelta e dorme o sono da paz, deitado na relva verde da esperança. Sonha ainda que acordado e serás mais do que alguma vez pensaste ser.
17/06/21