
Há caminhos vários.
Caminhos longos, curtos
Limpos, sujos
Assombrosos ou luminosos.
Caminhos há, serenos
Que nos sugerem calma
E neles caminhando
Se apazigua a nossa alma.
Há caminhos matreiros
Que se nos aparentam certeiros
Alguns se adelgaçam, outros se agigantam
E quando julgamos estar perto
Constatamos que errámos o caminho certo.
Há caminhos que percorremos sozinhos
Seja por querer ou porque a obrigação assim impulsionou
Há caminhos de pura gente, caminhos de multidão
Caminhos que se fazem em plena solidão onde as lágrimas incolores regam o chão e em plena estação se transformam num manto de flores.
Há caminhos errantes que geram mágoas incessantes.
Há caminhos sedutores que nos conduzem à casa dos horrores.
Há caminhos brilhantes, famosos
Que de tanto brilhar nos ofuscam a visão
Quando neles avançamos perdemos a razão
Por ter dado largas à emoção.
Há caminhos feitos de pedra, de musgo, de alcatrão
Muitos assinalam direção
Há caminhos singelos e caminhos complicados
Há caminhos a direito e caminhos cruzados
Construímos caminhos em cada geração.
Há itinerários principais e complementares
No mar ou no rio pontes são fundamentais.
Onde as pontes do encontro se fazem de elegantes materiais.
Há caminhos que atravessamos de mãos dadas
E quando as forças se vão, sentimos aquela mão
Que nos impede de arrastar no chão.
Depois somos desafiados a percorrer mais um pouco
E quando é o outro que desfalece, chegou a nossa vez
É altruísmo, não interessam os porquês!
E quando não sabemos o caminho mais vale indagar a fim de o alvo acertar. Não há que ter receio de perguntar, porque pedir ajuda não faz ninguém menor.
Se não temos a certeza, mais vale parar…refletir, a fim do mesmo erro não repetir!
Há caminhos sonhadores, qual quimera, onde o tempo se perde
Onde o querer se faz de espera.
Há caminhos de guerra pintados de sangue inocente
Quem pode conter a dor, o sofrer de tanta gente!!
Porém, há caminhos de paz, alguns…e ainda bem!
Onde a dignidade e o respeito salpicam o trajeto
E o alheamento se transforma em afeto.
Há caminhos criativos e mal compreendidos porque a sensibilidade… não é para todos.
Mas tal seriedade não se faz de atalhos mas sim de esforçados trabalhos.
Há caminhos belos, ensolarados, seguros, onde o bem-querer espreita a cada esquina
São caminhos amorosos, ladeados por rosas encarnadas
Onde a esperança se faz do verde nas folhas plantadas.
Há caminhos enganadores que deixaram escapar a verdade para não mais voltar, onde a mentira ocupa agora o supremo lugar.
Carreiros há que escondem pormenores
No princípio aparentam ser os melhores. Supõe-se radiante sorte…
No final um negro asfalto que apenas gera morte.
E aqueles caminhos de outono? Lembram a saudade que só Portugal ostenta!
Caminhos velhos onde a idade sabedoria contempla.
Há trilhos perigosos, outros gélidos
Há caminhos feitos de espinhos
Onde se constroem muros mesquinhos.
Há sendas pobretanas onde o suor rega as canas do riacho
Não se afligem com o clima
Vão na estrada de baixo para cima,
Há ricaças veredas. De tanta ostentação se petrifica o coração
Seguem na estrada de cima para baixo.
O melhor é definir a rota com a certeza que a nossa Realeza é quem nos conduz em estreito carril, é caminho perfeito em andamento servil. E vamos seguindo deixando o rasto do perdão, apreciando a paisagem n’O Caminho, rumo à eterna mansão.
«E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.» Salmos 139:24. (lembrando João 14:6).
Foto: Andrea Ramos